A necessidade de profissionais especializados em infraestrutura é uma realidade que não está distante do setor portuário. Além de toda sua importância para as exportações, o funcionamento dos portos requer constantes planejamentos e desenvolvimentos de projetos bem específicos.
As diferentes áreas da engenharia ganharam destaque de formas variadas nos últimos anos, quantidade de engenheiros vem crescendo e as especializações também estão se tornando cada vez mais ramificadas.
Com uma infraestrutura totalmente incomum do que é encontrado em outras atividades em que atuam os profissionais de engenharia, o setor portuário trabalha desde obras mais complexas como a construção de píeres, pontes, infraestrutura de atracação, entre outras classificadas como de engenharia portuária, até a execução de reformas simples.
De acordo com Manoel Furtado, Gerente de Engenharia da Companhia Docas do Pará (CDP) “pela característica da nossa atividade e pela qualificação obtida, podemos nos intitular engenheiros portuários, pelo tipo de obra que a gente lida diariamente”. As funções envolvidas também incluem previsão de operações e cargas, manutenção de canais de acesso e sinalização náutica.
- Desenvolvimento das atividades da Companhia Docas do Pará
Para realizar essas atividades é necessário um planejamento muito bem elaborado além de experiências dos gestores e da equipe de execução. Na CDP, os engenheiros portuários atuam diretamente no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) dos portos, que orientam os projetos de construção, expansão e manutenção.
Por meio de um estudo prévio, os PDZs indicam a necessidade de elaboração de projetos de médios e longos prazos, sendo sujeitos a atualizações. Devido a essa perspectiva, os projetos não executados “não se perdem ou são descartados, eles aguardam na carteira de projetos para serem discutidos em um momento mais viável para a implantação” explica Manoel. A execução ocorre mediante analise das possibilidades de aplicação do projeto em atendimento às demandas de mercado, de acordo com as oportunidades de negócios.
Atualmente, a CDP retomou a discussão de vários projetos elaborados anteriormente, como a construção de um novo píer em vila do Conde, dragagem e expansão de mais um berço no Terminal de Miramar para movimentação de combustível, reforço dos píeres em Outeiro e Santarém entre outras necessidades.
- Oportunidades no cenário paraense
Ao longo de sua carreira, o gerente de engenharia da CDP observa que o mercado profissional nos portos paraenses está mudando com o passar do tempo. Ele comenta que “quando era estudante, o setor portuário era pouco procurado. No entanto, hoje em dia, o Pará tem sido uma importante rota logística, alavancando o setor e gerando grandes possibilidades para os profissionais das diversas áreas de engenharia e arquitetura”.
A visibilidade dos portos do chamado arco-norte vem despertando interesses. Vários terminais de uso privativo e multinacionais têm se instalado na região, ampliando o mercado da engenharia especializada, que era escasso antigamente.
“Antes era preciso buscar por projetistas de infraestrutura portuária nos mercados do sul ou sudeste. Esse cenário foi possível mudar, apostando em profissionais locais, que possuíam elevado nível de qualificação técnica, com aplicação em áreas diferentes da portuária. Importantes projetos como o Terminal de Múltiplo Uso – 2 do Porto de Vila do Conde, TMU-2 do Porto de Santarém, revisão de PDZ das unidades portuárias, dentre outros, foram desenvolvidos em parceria com a UFPA, possibilitando o contato de vários profissionais com o setor portuário, e, principalmente, contribuindo com a retenção de talentos no nosso estado” relata Manoel.
De acordo com ele, todos os engenheiros envolvidos na elaboração de projetos de expansão da infraestrutura de Vila do Conde e Santarém são da região, ou aqui radicados, e compunham o corpo docente ou discente da universidade. Muitos dos alunos envolvidos no projeto já atendem o mercado portuário e seguiram na área.
- Presença feminina na engenharia portuária
Quando comparada a outras áreas da engenharia, o setor portuário não está entre os mais procurados por mulheres. No entanto, segundo o gerente de engenharia da CDP, a Companhia conta com um quadro profissional técnico em que vai contra as estatísticas, apresentando significativa atuação feminina na área de engenharia portuária.
“Entendo que existem poucas mulheres ocupando espaços no setor portuário, em contrapartida temos grandes exemplos de engenheiras na Companhia. 40% da nossa equipe são mulheres, uma delas trabalha há quase 30 anos na empresa, exercendo atividades técnicas essencialmente do campo da engenharia e desenvolvimento portuário.” afirma ele.
Manoel acredita que a tendência é que cada vez mais mulheres estejam presentes nesse cenário “Em nosso quadro de estagiários, por exemplo, temos apenas um homem, as outras sete vagas estão ocupadas por mulheres, estudantes de diferentes áreas da engenharia e arquitetura.” conclui.
Texto por: Rayane Lopes